Saca aquela “cobrinha”, em vermelho, bem embaixo da palavra
que você digitou? Então, ela não está ali para deixar seu texto mais alegre e
colorido, muito pelo contrário, ela tá tirando você, véio. Tá dizendo que você
errou feio.
Com certeza, você já deve ter deparado com inúmeros
“concerteza” nas redes sociais. Se o cara tivesse grafado “comcerteza” com “m”,
ainda poderia usar a desculpa de que a barra de espaços do teclado estava com
pobrema, serto? O sujeito quase chegou perto de escrever uma palavra que, de
fato, existe: “concertina”, um instrumento musical parecido com um acordeão,
mas, de qualquer maneira, desafinou no português.
Quando você está escrevendo em “internetês” até pode ter um
desconto e esquecer essa marcação em vermelho do corretor ortográfico, mas utilize com
moderação, porque o bagulho dessa linguagem vicia.
Mas, uma coisa que não consigo entender é a seguinte: se as
abreviações servem exatamente para tornar a digitação das mensagens mais
rápidas, por que muita gente escreve “naum”, que dá muito mais trabalho, ao
invés de “não” ou simplesmente “nao”.
Tem gente que pergunta se o corretor ortográfico está sempre certo. Bem,
devo confessar que, em pelo menos um caso, exatamente nesse, o “naum”, o corretor
errou. A palavra “naum”, de fato,
existe. É só lembrarmos do Naum Alves de
Souza, dramaturgo brasileiro, diretor teatral, cenógrafo e figurinista. Sem falarmos no profeta bíblico Naum, cujo
nome em hebraico significa “o consolador", embora acredite que isso não deve
servir de consolo pra ninguém. Pera aí, alguém pode estar pensando: o cara
escreveu “acredite”, mas não deveria ser “eu acredito”. Não, e a razão é que o
verbo está apoiado na conjunção condicional “embora”.
Se tudo isso citado até agora fosse o problema, não haveria
problema. E a história – sim, eu escrevi “história”. Os melhores gramáticos
afirmam que essa história de “estória” (com “e”) nunca existiu – nem mesmo como
“conto de fadas”. Agora, vamos investigar o caso de "a gente", que muita... gente (rimou) teima em escrever junto.“Agente” existe no sentido de aquele
que age, praticando a ação, mas nada tem a ver com o significado de “nós”. Entendeu, ô Sherlock Holmes?
E o tal do “com migo”? Não seria mais fácil escrever
“comigo”? Dá pra economizar, logo de cara, um “m” e um espaço, né?
“São tantas emoções” (como diria Roberto) e tantas bobagens,
que vamos adiante: Será que alguns escrevem “apartir” (grudado) porque tem medo
da dor da separação que sentirão ao escrever
“ a partir”?
E o que dizer de quem escreve “nada há ver” ao invés de
“nada a ver”? Como todo torcedor inteligente que acessa nosso blog sabe, a expressão“nada há
ver” não existe, mas, novamente, sem querer querendo, o internauta quase acertou. Em Portugal, por exemplo, "nada a haver" tem o sentido de "nada a receber" ou em bom português do Brasil: não sobrou nada, ou seja: “Perdeu, playboy”!
Tem gente que considera o “português” tão simples, que
acredita que pode deixá-lo mais “sua cara”. Por isso, a "bola da vez" é o tal de
“derrepente”. De repente, o cara acha que é mais “fashion” escrever assim, com dois
“r” e tudo junto e misturado. Isso, sem esquecer do manjado “quiz” (questão, exame, questionamento, em inglês), no lugar de “Eu quis”. Vou aproveitar a oportunidade para dizer que, apesar dos pesares, “apesar que" está incorreto; deve-se dizer "apesar de que". Apesar que tem gente que não vai se convencer facilmente...
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Vacilou, a gente pica! |