segunda-feira, 17 de junho de 2013

ESSA MANIFESTAÇÃO VAI SER BATATA



Hoje de manhã, quatro rapazes tentaram entrar na estação Penha do Metrô com uma garrafão (sim, não era uma garrafa, mas um garrafão) de vinho,  o mais vagabundo possível, que passava de mão em mão para um santo golezinho. Os seguranças não permitiram e   disseram  que teriam que guardar o garrafão, se quisessem passar pela catraca. Um dos garotos o colocou na mochila e, então, foram liberados para entrar. Como peguei o mesmo vagão que eles, fui ouvindo parte da conversa. Estavam indo para a manifestação contra o aumento no preço da passagem, no Largo da Batata, que só aconteceria no início da noite.

Fiquei impressionado com a, digamos, inteligência prática deles. Aquilo era genial, porque estavam unindo o útil ao agradável. Vejam só: todo apreciador de vinho sabe que, depois de aberta, a garrafa de vinho tem que ser consumida logo, porque, do contrário, ocorre um processo chamado de “avinagramento” ou seja, ele se deteriora e vira vinagre, e quanto pior a qualidade do vinho (como era o caso),  mais rapidamente isso acontece.  Ora, como se sabe, o vinagre é usado para diminuir os efeitos da fumaça das bombas lançadas pela polícia. Considerando, então, que a manifestação só ocorreria dentro de algumas horas, haveria tempo, o suficiente, para o restante se transformar em vinagre e ser usado como “antídoto”.

A manifestação de hoje tem tudo para transcorrer em paz, como uma tranquila ceia familiar. Parece que o local foi mesmo escolhido a dedo por algum chefe de cozinha: Largo da Batata, e ainda com vinagre pra dar e vender. Então, o prato do dia deve ser batatinhas ao vinagrete, defumadas por bombas de gás lacrimogênio. Tudo por apenas R$ 0,20. Isso tá muito barato, se compararmos com o  valor de R$ 1, cobrado pelos restaurantes "Bom Prato", do governo. Quero ver alguém reclamar de barriga cheia.

Torço para que tudo transcorra em paz, mas, sou obrigado a fazer minhas as palavras de Rubião, citando Quincas Borba, de Machado de Assis: “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.

Embalado pelo mais fraternal espírito, esse blog deixa, abaixo, sua contribuição para desarmar os espíritos, serenar os ânimos e forrar o estômago, porque ninguém é de ferro, né?

 BATATINHAS AO VINAGRETE ESPECIAL


INGREDIENTES



 1 kg de batatinhas miúdas

      2 copos de vinagre de vinho tinto Chapinha ou similar

      1/2 copo de óleo de soja de boa qualidade e que deslize bem

      1/2 copo de azeite de oliva cor-de-farda

      1 colher de sobremesa de orégano

    Pimenta-do-reino ou calabresa fatiada a gosto (melhor não, já que fatiada é um crime)

     Azeitonas verdes sem caroço a gosto (aí, sim, porque alguém pode pisar no caroço e escorregar)

   1/2 maço de cheiro verde picadinho (dá pra usar algumas folhas de qualquer erva, especialmente as usadas na USP)

     1 colher de chá de aji-no-moto (opcional)

     2 cebolas médias picadinhas (fatiadas pega menos mal)

     1 ou 2 dentes de alho picados bem miudinhos (só não pode confundir alhos com bugalhos)



Modo de Preparo

1.    Lave muito bem as batatas, cozinhe na pressão por 10 minutos até começar a pegar pressão (chiar a panela) – nada de ficar imitando terrorista de Boston e colocar pregos dentro da panela de pressão, certo?

2.    Abra a panela e verifique o cozimento, a batata deve estar cozida, porém firme, espete um palito ou garfo, reserve e espere esfriar (ninguém gosta de segurar batata quente, nem mesmo manifestante).
       3. Em um vidro grande ou recipiente de vidro que tenha tampa, coloque todos os ingredientes e junte as batatinhas, que podem ser furadinhas com um garfo (melhor furar com palitinho de fósforo, senão a polícia pode considerar esse talher uma arma).
  4.    Dê uma chacoalhada no vidro para misturar bem, espere de 5 a 7 dias para estar bem curada, e deixe um homem forte de prontidão para destampar o vidro.
Ai, que azia, mano!!!



 


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